Lembro bem quando eu estava grávida de Laís, quando todos
falavam sobre aquele amor desmedido que eu deveria sentir pelo bebê e aquela
conexão que deveria existir desde o momento da descoberta, mas que me deixava
tão confusa pq naquele momento eu só conseguir curtir a “condição” gravidíssia
e na além.
Daí quando estava prestes parir fui visitar um casal de
amigos na maternidade (estava tão imensa que me perguntaram se eu estava indo
internar! Rá). Eles receberam o pequeno apenas 4 dias antes de Laís e nosso
amigo me falou de uma amor que não tinha comparação com nada que eu tinha
sentido antes. Pensei? ”ah ta!!! Eu amo tanto meu marido, tanto... duvido que
seja uma amor maior que esse!”
Eu sempre fui daquelas que poderiam facilmente entrar para o
grupo das “Mulheres que amam demais” pq sempre fui assim... muito entregue ao
que eu sentia e tinha a certeza de que nada podia ser maior que isso. Sabia que
seria diferente, um outro tipo de sentimento, mas nunca que ia ser maior nem
tão pouco menor.
E Laís nasceu... Eu não senti nada.
Na verdade senti sim. Senti uma absurda necessidade de cuidar,
um senso de responsabilidade imenso pq aquele serzinho não tinha como se cuidar
sozinha. E a responsabilidade sobre isso era minha. Podia até ser
compartilhada, mais nunca poderia ser transferida.
Aí a primeira semana passou, a segunda tbm, todos precisaram
voltar para suas rotinas e, para a maioria das pessoas, o mundo não se alterou
em nada. Mas eu não, não para mim! Tive 5 meses de intensivão, sabe?! 24 horas
por dia para cuidar de uma bebê calma que quase não dava trabalho, que quase
não me impedia de fazer nada (só que eu não tinha nada para fazer além de ficar
com ela).
Nesses primeiros meses, o senso de responsabilidade não
diminuiu pq ela não era mais tão pitica, muito pelo contrario, ele ia
aumentando conforme íamos nos conhecendo. E conforme íamos nos conhecendo (pq é
uma relação de dois indivíduos), eu ia descobrindo cada pedacinho dela, cada
cheiro, cada reação, cada olhar... de uma forma que ninguém mais podia (fico
tristes pelos pais não terem essa oportunidade).
Aquela necessidade de cuidar ia aumentando conforme eu me
apegava, apaixonava e amava profundamente cada partezinha daquele ser. E ainda
hoje fico pensando se é possível um sentimento tão profundamente intenso.
Esses dias olhando para ela dormindo no meu colo, fiquei
pensando será possível mesmo sentir uma coisa tão forte, sentir tanta
necessidade de outra pessoa, de estar perto, de cuidar, acalentar, necessidade
de ver sorri, ver crescer cada coisinha, ver a personalidade se formando... Um
amor desmedido, não um amor bitolado.
Um amor que vê o cuidado na hora do exporro, na hora do
chega mais e abaixa a bola. Amor no “é a mamãe que manda e ela é braba” (ela
diz isso!), no olhinho me caçando para “pedir autorização” – que ela certamente
vai tentar burlar se for contra o agrado dela.
Laís é independente mesmo sendo um grude comigo.
Gosta de liderar e não se acanha se não conhecer aquela
criança que esta brincando ali no mercado
e chega junto para brincar.
Quer conhecer todo mundo. Saber o nome, quem é a mãe (mesmo
dos adultos), saber onde mora e onde estuda.
Diz as preferências dela sem achar que esta fazendo alguma
coisa de errado.
Pede para ela e para quem estiver do lado. Mas no dela ninguém
mexe até que ela tenha enjoado.
Diz que é moça grande pq faz xix no vaso grande, mas ainda
tem suas escapadas e ainda pede peitinho.
Gosta de brincar de família, mamãe, papai, filhos e sempre
tem um lobo mal. Mas essa brincadeira quase nunca é com as bonecas. É com os pôneis,
ursinhos, animais de plástico, giz de cera de tamanhos diferentes e até com os
furadores da mamãe.
Tem uma imaginação que vai longe, não se contenta com o fim
da história e nem que ela seja simples. E não tem problema contar a mesma
historia varias vezes seguidas, ela até gosta. Depois vem ela com a versão
dela.
Conta que quando era bem picutinha se escondia na barriga de
mãe e que quando o médico tirou ela disse: “Noooossa!!! Quanto cabelo nessa
quiança!!”
Usa expressões da forma certa e com o sentido certo: “Qué
dizê..." (quando diz algo e queria
dizer outro); “tipoooo..” (para exemplificar); “Bem..." (para começar uma
resposta)
Quando está de bom humor usa todas as palavrinhas mágicas naturalmente,
sem ninguém lembrar ou dar tempo para que recebe a resposta conseguir não rir,
tamanha gentileza. Diz “não, obrigado!!” (quem no mundo diz não obrigado,
automaticamente para tudo e para todos?)
Quando não está... PQP!!!
Tira o ser paciente que me tornei depois dela, do serio!!! Acha que o
mundo gira ao seu redor, que eu sempre tenho dinheiro e ela sempre precisa de
presentes. Que as coisas não acabam, pq ela quer o pêssego naquela hora e não
depois que eu for no sacolão.
O banho noturno a desperta... muito!!!! rsrsrs Então quase
sempre temos uma criança pulando na cama as 23h e toda suada de novo.
Separa meninos de meninas. Coisas de meninos de coisas de
meninas. E não tente convencê-la que a mamãe gosta de azul, pq vai ser tempo
perdido. Mamãe e todas as outras meninas gostam do rosa, sua cor “pefilida”
Mas tem ótimo relacionamento com meninos. Brinca sem
diferenciar, se anima a conhecer, pergunta tudo... Não acontece o mesmo com
meninos adultos. Ela que é tão dada, pode te dar uma beijo estalado e uma
grande abraço e contar toda vida dela se você for mulher... Se for homem,
esquece! Daqui a algumas horas ela fala com vc.
36 meses completos de amamentação e paixão total pelo
peitinho. Mas ela diz que quando fizer 3 anos e for quiança quescida não vai
mais pedir peitinho. Nem um pouquinho assim ó!!! Mamãe que está bem cansada e
com certeza que o ciclo se encerrou, torce para que dê tudo certo.
Eu juro que podia passar horas e horas, linhas e linhas
aqui, falando dela. De sua personalidade linda e apaixonante. De seu
temperamento forte e decidido. De sua beleza delicada, extremo oposto de mim...
Mas fico na duvida se alguém que chegou até aqui vai querer ler mais um tanto
assim. (o blog ta aqui para isso e quero
muito voltar a registrar esses detalhes que se perdem na memória)
Então queria encerrar esse post, no dia que minha princesa
completa 3 anos para dizer que encontrei em mim a felicidade depois que conheci
e amadureci o amor que sinto por ela. São 3 anos de dedicação, cuidado e amor
que mudaram a minha vida e agradeço todos os dias por isso!!!!
