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25 setembro 2014

Parto do meio

Estou a quase 3 semanas sofrendo/refletindo. Que tipo de parto eu quero? O que estou disposta para conseguir o tipo de parto que eu quero? Quais riscos corro? Será que consigo? (no sentido de estrutura)

Pesquisei os nomes indicados e reduzi a lista a menos da metade. Alguns declarados cesaristas, que só fazem parto marcado. Alguns semi declarados... Mas, pelo plano já tinha/tenho a consciência que essa será a realidade. 

Fui no que achei menos informações negativas no Google. Deixei marcado outra, que não faz PN. Meu objetivo era ser assistida de alguma forma. A consulta com o GO 3 foi como esperado: medico idoso e "experiente" da zona mais abastada do Rio... debochou em todo o momento a partir da hora que eu disse que queria entrar em TP. Disse que eu tinha direito de escolha e que isso estava na moda, mas que ele não fazia, pq não reuniria equipe de madrugada, disse que eu moro longe (sim.. uns 40km) da maternidade e que o bebe podia nascer no meio do caminho #pausa tive Laís em outra cidade, na serra, subi em TP de 9 horas, mais ou menos #despausa , disse tbm que faria a cesárea dia 23/12, pq adiantou o DPP em 7 dia por conta da contagem das ultras mais novas... #pausa2 A medica que tem feito minhas ultras e tudo que li, me mostrou que o que diz a DPP, no meu caso sem DUM, é a primeira ultra, que depois varia por conta do biotipo de cada bebe.#despausa 

O que prestou da consulta foram as recomendações a maternidade que to em vista e a ideia de fazer o pre natal com qualquer um, entrar em TP e parir com os plantonistas de lá. 

Resumindo... foi o esperado!!!! E eu fui simpática e ri, disse que pensaria em tudo e voltaria... obvio que não voltou mais lá!!! rsrsrs 

Tenho outra marcada para quinta.. essa declaradamente cesarista... E mais dois telefones em vista: Um medico que atende pelo plano e uma renomada Obstetra humanizada. 

Paralelo... as buscas por pura informação continuam. E me assustam. As vezes positivamente, as vezes negativamente. Dou um passo a frente e dois atrás. 

Preciso entender tudo que to sentindo... então vou dividir por partes... a parte que me faz querer e a parte que me faz não querer... 

Começando pelo fácil.. o que me faz querer e muito o PN... 

- não tenho DUM. Engravidei logo depois do aborto. Não tenho como saber com "exatidão" (ou o mais próximo disso) quando Caio vai estar maduro para nascer. E deixar ele nascer no tempo dele é garantir que ele vai estar na sua hora, entende?! 

- uma vez ouvi uma frase, da mulher do Marcio Garcia no trailer do renascimento do parto, que me marcou profundamente. Ela disse " eu não posso não passar por essa experiência". 
A Nine me falou sobre ser um direito da mulher, sobre nos preocuparmos com tudo e esquecermos que é um direito natural nosso, só pensei nisso... o quanto essa frase quase egoísta martela na minha cabeça. Eu, simplesmente não posso não passar por essa experiência. 

- lembro de antes da gravidez de Laís, e durante ela tbm, ter ouvido de muita gente que eu não era capaz, que eu não dava conta, que eu era frouxa, que eu não conseguiria. E te falar... de forma tbm egoísta, não me diz que não sou capaz.. pq sou, de fazer o que eu quiser... E me senti muito frustrada por isso na época do nascimento de Laís.. foi como se assinasse meu atestado de incompetência. 

- É o natural. Basicamente isso. Não consigo entender que não é o natural do corpo parir o ser que ele gerou. Todos os bichos geram e parem suas crias de alguma forma. Entendo que os avanços estão aí para nos ajudar e respeito. mais não consigo entender que o transito, por exemplo, é motivo para meu corpo não fazer o que deve ser feito. 

Meus medos. 

- nadar, nadar, nadar.. e morrer na praia. Pagar algum profissional e no fim ir para a faca de qualquer jeito. Não pagar e ir para a faca de qualquer jeito. Confesso que se meu GO ressecado não fosse um escroto e a maternidade uma prisão. Eu ia tentar levar o maximo até entrar em TP e depois me deixar enganar pelas desculpas dele para a cesarea. Ia me preparar para isso... para tudo que passaria. 

- e se eu insistir e insistir, pirraçar, brigar.. e no fim, acontecer algo ruim. Pro bebe ou para mim. A culpa vai ser minha e não vou me perdoar nunca. Na cesárea tbm temos riscos. muitos, inúmeros. mais a responsabilidade não vai ser minha! É covarde transferir responsabilidade da minha vida para outra pessoa. Mas é o que estamos acostumados a fazer transferindo pros "deuses" médicos, o controle sobre a nossa vida. Se acontecer algo, a culpa é dele, não minha. 

- Violência obstétrica... morro de medo. Muito, de forma absurda. Já tinha medo antes de saber o que era.. agora tenho mais. E tenho chance de sofrer isso na cesárea ou no PN, eu sei. Mais no PN é de forma mais ativa e humilhante. Principalmente pq vou estar sendo protagonista, vou precisar de apoio, vou precisar de respeito... e 9/10 a chance de eu não ter isso. 

Daí tem ainda os medos que são inerentes a qualquer um dos dois. 

- tempo de Caio no berçário 
- procedimentos desnecessários nele e em mim 
- não ter Laís por perto depois que Caio nascer 
- não ter ed por perto. 
- idealizar um plano de parto e ser desrespeitada, tanto no plantão do particular quanto no publico. 

Acho que tenho muito que me informar, que entender... e (até postei num grupo no face que participo, sobre gestantes) as vezes queria ser uma mãezinha sem informação e sem acesso... é quase mais fácil ser ignorante na realidade que temos.. 

Me inscrevi no Ishtar Rio e nunca tive coragem de ir. Acho que minha trava é o apoio... o medo do desconhecido ou do não me encontrar... Travo por ir com marido, pq me ele apóia, mais pq é mais fácil do que brigar comigo.. Acho que se tivesse um elo lá dentro seria mais fácil, talvez... fico pensando se não é aquela típica "timidez" adolescente, que não nos deixava mover e pegar um refri nas festas... rsrsrsrs 

Tenho que tentar ir, pq se não vou sucumbir a duvida.... 

Ainda não sei o que vou fazer ou que vai acontecer. Sei que posso passar por tudo isso e no fim decidir por não brigar, por não ir contra “o sistema”. 

Continuo lendo muito. Me emocionando com planos de parto lindos, que foram respeitados em uma Maternidade Publica referencia no Rio. Me emocionando com relatos de partos domiciliares e hospitalares respeitosos. 

Ao mesmo tempo me assustando com o que vejo de riscos e de casos de desrespeito nos mesmos lugares. 

Por fim, acho que o buraco é bem mais embaixo que as recém-grávidas que, como eu era na primeira gestação, acham que parir é normal e natural e que não é necessário brigar por uma coisa que é natural. 

Acho que tem muita gente boa lutando para que não precise mais haver luta para ser parir de forma humana. E, infelizmente, acho tbm que tem muita gente se informando e lutando, mas usando essa luta e informação para segregar “mulheres empoderadas” de mãezinhas, mulheres que lutam com todas as suas forças para o PNH de mulheres que tem poucas forças (ou meios) para lutar. 

Como eu já disse, cada uma sabe de suas necessidades e possibilidades. Cada um sabe o que é melhor para si. Cada um sabe o que fazer com a informação que recebe e que está aí disponível para todos. 

Acho que emponderar-se é ser consciente daquilo que se decide. E que eu posso me cercar de toda informação possível e no fim achar que a maternidade mais nova do plano e agendar a cesaria são as melhores opções para mim. E de verdade, não vou me sentir menos por conta disso. 

Posso decidir que quero seguir no caminho do PNH e ter o parto mais lindo e humanizado do mundo. E de verdade?! Não vou me sentir absolutamente nada melhor que qualquer outra mulher que teve seu filho de outra forma.

4 comentários:

  1. Martha
    nao poderia deixar de comentar. Eu acho que esse processo do parto é um aprendizado e uma evolucao nossa como mulheres. Só o fato de voce estar se preocupando, saindo da caixinha do sistema já é por si só um grande avanco. Eu lamento muito que no Brasil seja tao complicado ter os seus direitos de parto humanizado respeitando os seus limites e do bebe. Mas eu tentaria de todas as formas tambem. Eu tambem me sinto daquelas que nao podem passar por essa vida sem parto normal. Ainda bem que tive 2, um normal com intervencos e outro humanizado. eu fui capaz e nao tem como se orgulhar disso. É como uma medalha que voce conquista e nunca mais é tirada de voce. Vale a pena! Boa sorte. Estou de dedos cruzados para que vc acha um medico bem legal. Bjs

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  2. Oi Lu.. que bom vc por aqui!!!
    Pois é.. é uma luta que não deveria ser... uma briga que não deveria ter.
    O natural não pode mais ser natural.. e realmente é muito difícil para a grande maioria conseguir..
    Espero conseguir, mas sei o quanto o caminho é dificil!!!

    Bj grande!!! ;)

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  3. Querida, entendo totalmente essa dificuldade de decisão, não é fácil mesmo.
    Agora, cabe a você essa decisão (infelizmente?), cabe à mãe procurar o que mais agrada, o que menos fere neste caso... cabe à gestante ler, buscar ajuda, SE ajudar.
    Não estou na tua pele, não moro na sua cidade, não estou julgando, nem de longe, a sua dificuldade, porque o sistema obstétrico brasileiro é mesmo muito falho, injusto, torturante. Disse (e repito), que se fosse para ter um PN com violência, preferiria uma cesárea consciente. Sim, sou dessas. Não passo por um PN desrespeitoso por escolha, de forma alguma. Mas essa é a minha opinião.

    Você deve buscar ajuda, senão vai continuar andando em círculos eternamente. Pelo que vejo, você mesma está se trollando, indo a médicos cesaristas (mesmo que não seja isso o que vc queira agora), buscando auxílio de quem não vai te ajudar neste momento e recusando as idas ao Ishtar por medo (insegurança?).

    Se ajude. Aja a favor de você mesma. Não ande em círculos.

    Pense num parto domiciliar. Aposto que ele será muito mais tranquilo do que um PN no plantão de hospital. Vá ao Ishtar, pois lá tem gente muito boa acompanhando as gestantes, ajudando nestas questões. Tem outras gestantes passando pelos mesmos medos e problemas que você.

    Empodere-se, se o parto natural for o que você deseja. Não é preciso gastar R$ 15 mil num parto digno, mas é preciso lutarmos a favor da nossa vontade para conseguirmos este parto.

    Medo todos temos. Eu mesma, com 40 semanas, me pego pensando "Helena está bem? Será que está tudo bem mesmo? Será que consigo parir? Será que ela é grande? Será que vou lacerar? Será que acabarei numa cesárea?".... medos são inerentes ao ser humano, mas não deixe com que eles te paralisem. Vá contra eles, estude, leia, vá aos encontros que sejam possíveis, converse com outras gestantes (pessoalmente), faça laços, busque uma doula (fundamental), ou pelo menos converse com algumas, fuja dos médicos cesaristas, pelo menos enquanto você não se decide pelo PN ou cesárea.

    Se precisar de qualquer coisa, me procure, conversaremos.

    Beijos grandes!!!

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  4. Amiga eu não vou te enfiar as minhas verdades, eu vou apenas dizer ... Estou com VC, e sei o quanto VC foi longe com todo este assunto e o final dele só saberemos em janeiro com apenas uma certeza ... Vc fez o melhor desde sempre.

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