Não sei se vai fazer sentido. Acho que alguma hora escrever sobre o que aconteceu vai fazer parte desse diario, repetir muitas vezes ate eu entender, ate fazer sentido, ate, talvez cair a ficha que agora sou viúva, que perdi o amor da minha vida, que perdi meu porto seguro e meu melhor amigo.
Eu preciso escrever. Escrever com a sensação que estou sendo lida por alguém, escrever para colocar pra fora. Para não sufocar com essa dor e tristeza dentro de mim
Os dias são estranhos. Tem dia que passa, e dói mas eu sigo. Tem dia que destrói, se arrasta leva cada minuto em sofrimento. Hoje foi um desses dias. To chorando desde domingo a noite. E são choros diferentes, agora me dei conta disso, por isso vim escrever.
Tem a dor da ausência. Aquela que eu sinto nas coisas praticas do dia a dia. Que sinto na falta dele quado Caio tem uma crise de raiva, quando preciso decidir de uma entrega, quando preciso responder alguma coisa do apartamento, do carro... quando vejo um lugar legal que eu iria mostrar pra ele e a gente nunca ia conseguir ir, mas ia fazer varios planos. Quando vejo uma viagem, tipo que a gente planejou pra esse ano mais que não rolou... quando o computador trava, a impressora não puxa.. quando não consigo responder alguma pergunta das crianças, ou quando não consigo configurar algum aplicativo. Quando eu escuto um barulho la de trás, quando eu vou no comércio de bicicleta, quando eu chamo um uber, e mais um... quando no final do dia eu não tenho ninguém pra "me render" com as crianças e minha paciência acabou a muito tempo. Quando ta chovendo, quando ta pesado, quando eu não sei por onde começar. A ausencia da presença dele bate com força em mim, como um porrete, e dói fisicamente e me deixa perdida.
A dor da saudade é quase mais cruel pq ela esta toda dentro de mim. Da falta que faz, da culpa por ter feito algo ou por não ter feito, por ter dito algo ou por nao ter dito. Da sensação dele no banheiro, do abraço que não vem, da dança na hora errada, da careta nas poucas vezes que eu queria tirar foto. Da voz, do cheiro, da pele. Saudade do passado, saudade do futuro que a gente estava planejando, do nosso desconhecido que eu não tinha medo pq tinha ele do meu lado.
Ainda é difícil acreditar pq não faz sentido. Eu falo com as pessoas para ver se torna mais real, mas é real pra quem ta de fora, quem ta longe. Pra mim não faz sentido parece mentira, parece que ele vai chegar puto pela brincadeira de mau gosto. Ao mesmo tempo não consigo fechar os olhos e lembrar dele da voz. So lembro do velório, do caixão, daquela sensação de estar caindo num buraco sem fim enquanto as pessoas falavam comigo. Mais ainda assim eu não consigo acreditar e entender o que aconteceu
Estou nesse misto de dor e tristeza, perdida dentro de mim. Sem entender quem eu sou agora e o que eu vou fazer amanhã (era mais facil quando ele decidia tudo mesmo quando decidia nao fazer absolutamente nada). As pessoas me chamam de forte, dizem que eu tenho que seguir pelas crianças. Que eu aonda estou aqui e eles tbm. Mas parece que esta tudo borrado, tudo rora de foco e fora de sentido. Eu digo que estou seguindo que Deus esta ajudando, mas estou no mesmo ponto que estava dia 11/09 quando eu dizia que eu não sabia o que eu ia fazer sem ele.
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